terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Não percam, em breve, uma discussão sobre o linfoma da Dilma

Linfoma versus Leucemia versus Linfoma Leucemizado - como entender esta sopa de letrinhas?

Uma questão-chave que passa pela cabeça de todo estudante de medicina quando participa do curso de Hematologia e que, certamente, atiça a curiosidade dos pacientes com estas doenças é qual a diferença entre linfoma e leucemia. Seré que um linfoma pode "virar" uma leucemia?

A resposta para esta pergunta não é tão fácil.

Um linfoma é geralmente diagnosticado como um tumor, seja ele um gânglio aumentado, uma lesão da pele, do estômago, do cérebro, etc. As células malignas do linfoma são sempre linfócitos mais "maduros", ou seja, que já estão prontos para atuarem na sua função normal que é o controle das defesas do organismo.

Uma leucemia é ,na maioria das vezes, uma doença´"líquida" que aparece no sangue e na medula. A medula é a fábrica do sangue e ela se situa no "tutano" dos ossos, principalmente o quadril e as costelas e tem uma consistência meio gelatinosa, meio líquida.

Desta forma, ao contrário dos linfomas, não precisamos escolher o local para biopsiar a doença pois onde quer que exista medula ou sangue, nós poderemos fazer o diagnóstico de leucemia.

A maioria das leucemias das crianças é causada por células da mesma linhagem dos linfócitos, só que mais jovens, na fase onde ainda não são capazes de agir como os linfócitos. Estas células são chamadas de Linfoblastos.

A maioria das leucemias agudas dos adultos é de um outro tipo de célula que não vai formar os linfócitos. São os mieloblastos e são os precursores dos neutrófilos.

Dito assim, parece fácil. A pergunta é então por que é feito o exame da medula óssea nos pacientes com linfoma, se eu disse que a doença está nos gânglios?

A resposta é que muitos tipos de linfomas também "invadem " a medula óssea, mas neste caso, a infiltração costuma ser mais localizada e não generalizada como nas leucemias. Nós costumamos chamar os linfomas que infiltram muito a medula de linfomas leucemizados.

Finalmente, existe o caso da leucemia linfocítica crônica. Ao contrário das leucemias agudas, a célula que está defeituosa é um linfócito maduro, destes que se aparecer na forma de um tumos pode ser denominado de "linfoma de pequenos linfócitos". Entretanto, esta doença aparece difusamente no sangue e na medula e por isto ganhou a alcunha de leucemia.

O tratamento muitas vezes pode ser semelhante para linfomas e leucemias. Assim, o linfoma linfoblástico e o linfoma de Burkitt são tratados como leucemias. Já a leucemia linfocítica crônica pode ser tratada como um linfoma.

É confuso mas tem lá a sua lógica.

Um abraço.