quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Novo tratamento para pacientes idosos com linfoma difuso de grandes células B

Prezados, Sem dúvida, o prognóstico dos pacientes com o subtipo mais comum de linfoma, o linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) melhorou consideravelmente com o tratamento atual, uma combinação de quimioterapia (conhecida pela carnavalesca sigla de CHOP) com um anticorpo anti-CD20, conhecido como rituximab (nome comercial de Mabthera). O problema é que em nenhum dos estudos consagrados, que se utilizaram deste esquema de tratamento, pacientes com idade superior a 80 anos foram incluídos. Pode parecer um exagero mas, pelo menos nos Estados Unidos, 40% dos casos de LDGCB ocorrem em pessoas com mais de 70 anos. Estudos pequenos em pacientes idosos sugeriram que os resultados são inferiores à metade daqueles obtidos em pacientes de menos de 80 anos. A maior parte dos problemas nesta faixa etária não é decorrente da resistência do linfoma ao tratamento, mas sim da baixa resistência do paciente que acaba padecendo de efeitos tóxicos do tratamento. É por isto, que recebi com grande alegria o resultado do tratamento do considerável número de 150 pacientes com LDGCB e mais de 80 anos, com um esquema de dose reduzida do R-CHOP, denominado R-miniCHOP. Trata-se de um importante estudo por diversos fatores: foi produzido pelo mais ativo grupo de estudos do LDGCB no mundo, conhecido como GELA, que reune Centros da França e Bélgica; e foi publicado pela conceituada revista Lancet Oncology no número de maio de 2011; e, finalmente, pelo número de pacientes tratados. Em resumo, o esquema R-miniCHOP é igual ao CHOP só que com metade da dose de adriblastina (a letra H do nome), cerca de 60% da dose de ciclofosfamida (a letra C), cerca de metade da dose de vincristina (a letra O) e cerca de 60% da dose de prednisona (a letra P). O desenho do estudo previa um aumento de 15% na porcentagem de pacientes vivos ao final de dois anos. Pois bem, o resultado foi tão bom que, ao final de dois anos, o número alcançado foi 35% maior do que o esperado com esquemas mais fortes de tratamento. O resultado foi tão bom que os pesquisadores arriscaram-se a colocar como conclusão do artigo que este seria o novo padrão de tratamento para pacientes com mais de 80 anos e com LDGCB. Eu tendo a concordar mas ressalvo que pacientes com boa condição de saúde física poderão ser tratados com esquemas para pacientes mais jovens porque, apesar da melhora no prognóstico com o R-miniCHOP, os resultados ainda foram aquém daqueles obtidos com o esquema R-CHOP em pacientes de 60 a 80 anos. O ideal seria comparar estes dois tratamentos, mas levaria muito mais tempo. Um abraço, até a próxima.