sexta-feira, 15 de março de 2013

Linfoma de Zona Cinzenta - Linfoma de Hodgkin ou Linfoma de grandes células mediastinal

Os linfomas são divididos em Linfoma de Hodgkin e Linfoma não-Hodgkin. Esta divisão é das mais estranhas porque o Linfoma de Hodgkin e os Linfomas não-Hodgkin são muito semelhantes. Esta semelhança pode ser tão grande a ponto de não haver como um patologista estabelecer a diferença entre eles e, portanto, o diagnóstico. Por isto, desde 2008, foi sugerido o termo "linfoma de zona cinzenta" para identificar estes casos. Tipicamente, ele ocorre em homens com linfoma em uma área acima do coração conhecida como mediastino. Comumente, o diagnóstico é por biópsia de uma massa mediastinal. Existem dois tipos de linfoma que costumam dar este acometimento: O linfoma não-Hodgkin subtipo esclerose nodular e o linfoma difuso de grandes células B de mediastino. Curiosamente, as mulheres são mais afetadas nestes dois casos. Estudos recentes têm demonstrado que esta entidade de Linfoma de zona cinzenta parece constituir um novo tipo de linfoma, diferente destes dois anteriormente citados. O curso clínico é agressivo e acredita-se que o prognóstico é pior. O melhor tratamento ainda é uma questão em aberto pois trata-se de uma entidade recentemente individualizada e bastante incomum. È preciso ainda diferenciar-se o verdadeiro linfoma da zona cinzenta de um caso em que os dois tipos de linfoma (Hodgkin e Não-Hodgkin) estão presentes no momento do diagnóstico. Enfim...a confusão só faz aumentar na Linfoma land... Mais uma vez não custa enfatizar a importância da revisão destes casos por patologistas com experiência em linfoma. Um abraço.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Transplante autólogo – tamanho único ou variado?

Já preparei vários posts abordando o uso do transplante autólogo de medula óssea (ou melhor, transplante autólogo de células progenitoras hematopoética) como tratamento para linfomas. Recentemente, me dei conta de que poderia induzir o leitor a acreditar que trata-se de um único tipo de tratamento, o que não é verdade. Chamamos de transplante autólogo a todo tratamento que inclua uma quimioterapia de altas doses seguida de uma infusão de células da medula óssea do próprio paciente. A lógica do procedimento é simples: uma quimioterapia tradicional pode funcionar em muitos tipos de doenças porém, em doenças mais resistentes uma dose muito maior desta quimioterapia pode ser necessária para produzir o mesmo efeito. O problema é que os efeitos colaterais da quimioterapia também vão aumentar quando se eleva a dose. Notadamente, a medula óssea, onde o sangue é produzido, é um local muito sensível a esta quimioterapia de altas doses. Por isto, antes do transplante propriamente dito, coletamos um pouco das célula de medula do paciente e congelamos o material. Depois, após a quimioterapia, esta “medula” é descongelada e devolvida para o paciente. Com isto, a fabricação de sangue pode retornar muito mais rapidamente. Quais são as principais indicações de transplante autólogo hoje em dia? 1) Linfoma de Hodgkin em recaída 2) Mieloma múltiplo 3) Linfoma difuso de grandes células B em recaída 4) Linfoma do manto em primeiro tratamento 5) Linfomas T em primeiro tratamento 6) Leucemia mielóide aguda de risco intermediário Os efeitos colaterais do transplante serão dependentes de vários fatores, a saber: 1) como foi feita a coleta das células de medula? Foi apenas com filgrastima ou foi também com quimioterapia? 2) Qual é a idade do paciente? Ele tem outras doenças? 3) Qual é o tipo de quimioterapia de altas doses utilizado? Por exemplo, um esquema muito utilizado para linfomas, o BEAM, é muito mais intenso do que o utilizado para mieloma, altas doses de melfalano. Deste modo, tome cuidado quando conversar sobre transplante com uma pessoa que já passou por ele. Apesar de mesmo nome, podem ser procedimentos bem diferentes. Um abraço.